segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

(O TEMPO, OS LUGARES E OS HOMENS)

Poemas que comporão um livro cujo intuito é mostrar, de forma poética, os diversos discursos (ideologias), épocas. Ou seja, o homem histórico.


O NASCER DE UM MITO

De meu esquecimento
Fez-se um mito,
Que nenhuma prova
Possa contrariar e derrubar meu sentimento de crença;
Fonte de ignorância e aceitação a tudo o que não sei (...).

Meu Sentimento, que é o mesmo.
Embora, com lapsos...
E que, talvez, fora oposto
Ao do dia do acontecimento
Em que e onde
A verdade e a mentira se casaram em frente do povo,
Na praça da História.


Leandro Monteiro


VAMPIRO BRASILEIRO

Em vez curar,
O dinheiro está
Para me salvar,
Sempre, de minha
 Megalomania
Que me domina:

De sempre obter
O que sonho, o que quero
Desde a minha infância.
Carro, Amor na França...
Onde vou ficar...

Não quero, Não quero!
Não permanecer
No mesmo lugar...!
Eu quero viver
Em outro lugar...
Onde ninguém queira,
Possa me roubar.

“Pra não dividir
Meu grande bem,
Que tanto suei
Para conseguir”.

Tu não acreditas,
Mas gosto de ti.
Porque, mesmo assim,
Votas em mim inda.

Sou um homem honesto,
Sou um homem esperto,
Bobo é quem me pôs
Pra comer do bolo...
O bolo dos outros
Pra fazer meus sonhos.

E não pense que eu
Fiquei com remorso
De Ti, caro povo...
Pois tens o mesmo rosto,
Mesma face que eu...

Ao notar verdinhas
Na lista de gastos;
Ao dar-lhe alguns maços
De dinheiro, propina...
Ou fazer boa ação
Ao chamar um ente
Para ganhar seu pão...
(E depois falam
Que eu não sou decente).

E se alguns vierem
Acusar-me disso,
Digo-lhes “nada sei”...
“Não. Não sei disto”.
E se mantiverem
A mesma postura,
Respondo-lhes “sei”...
“Sei de nada disto”...

Até estar tranqüilo
Em meu quartinho
Rindo do povinho.


Leandro Monteiro



O AMANHÃ

O amanhã começa na escuridão,
Onde, praticamente, ninguém vê.
Em que poucas pessoas vivem.

O amanhã vai se clareando aos poucos...
No nascer do dia
Que quase todas as pessoas ignoram.

O amanhã que traz
Ora Chuva
Ora Sol:

À terra, que se pode nutrir ou se afogar;
À semente, que pode nascer ou abortar;
Ao homem que pode se aliviar ou se sufocar
Sempre no hoje,

Amanhã que só aparece como sol à maioria,
Que só tem olhos para enxergar
A vida num horizonte muito claro.


Leandro Monteiro



(DES) MATERIALIZAÇÃO DO PODER 

E o vinho virou sangue,
E o sangue virou carne
E a carne virou árvore
E a árvore virou dígitos...

Este que é o poder
De todos, sobre todos
Os que têm ou não sangue.



Leandro Monteiro


NEUROSE
(HAI-KAI)

Sons e visões sempre
Vêm-me dentro da mente...
Todas, repetentes.



Leandro Monteiro


ORDEM E PROGRESSO

Arara-azul, vão extinguindo...

Macaco-prego, vão matando...
Ouro, esvaindo...
Estrelas, faltando...
Belo é esse território
Em ORDEM E PROGRESSO!




Leandro Monteiro



PRIMEIRO COCHILO NA CAPITAL...

Ruas estão em silêncio.
Comércio está todo fechado.
São Paulo está sonolento
Pelos muitos tiros dados...

Pelas bombas jogadas...
Centenas, no chão, dormiram;
Milhares ficaram em casa...
Mortos ou não, sentiram

Fobias de um pesadelo,
Que ainda não terminou...
Nem acabará tão cedo
Pro estado, que se drogou.


Leandro Monteiro

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