domingo, 31 de março de 2013

DIALÉTICA DO NÃO SER





Não sou o quê
Eles querem que seja
E não sou o que
Minha pessoa deseja:

Como uma lisa rosa,
Talvez forte, na face.
E não flácida, espinhosa,
Cheia de pontas na imagem.

Não estou onde querem:
Na petição de ensejos.
Não estou onde desejo:
No meu próprio Éden

Com os pássaros a cantarem
A verdade nos corações...
E não com porcos a grunhindo
Uma parte de suas porções...

Não sou o que eles querem
Que eu seja.
Não estou onde eles querem
Que eu esteja.

Só sou o que não quero
Em meu coração
E só estou onde não quero
Num lugar sombrio e vão...

Sou toda contradição,
De mim e dos outros,
Sou a dialética de não ser
À beira de desaparecer.
  
Leandro Monteiro

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